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Geração Distribuída: o monstro do armário do ONS

  • Foto do escritor: Daniel Lima
    Daniel Lima
  • 10 de jul.
  • 2 min de leitura
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Dores nas articulações, veias e artérias entupidas: eis o estado de saúde do Sistema Interligado Nacional (SIN). Tudo indica que o diagnóstico é claro — sedentarismo energético com risco de colapso funcional.


Mas eis que surge o tratamento milagroso: geração distribuída. Sem contraindicação, de aplicação simples, disponível sem receita e com efeitos colaterais mínimos — talvez apenas uma leve perda de controle central. Só que, por alguma razão místico-técnica, talvez até por um caso avançado de negacionismo contumaz, o ONS insiste em ignorar o remédio que está bem ali, na prateleira.


Enquanto o mundo inteiro se deslumbra com painéis solares em telhados e comunidades inteiras se libertam da tirania dos megawatts centralizados, o Operador Nacional do Sistema (ONS) parece desenvolver uma nova fobia técnica: a Distribuitofobia.


O cidadão comum, antes um mero pagador de tarifas e vítima das bandeiras vermelhas, agora ousa gerar a própria energia. E pior — compartilha o excedente com a rede! Um ato quase subversivo. Para o ONS, isso não é empoderamento, é anarquia solar.


Segundo relatos não oficiais (e alguns olhares bastante desconfiados), a proliferação da geração distribuída estaria tirando o sono do ONS. Afinal, como controlar um sistema quando o cidadão teima em produzir sua própria eletricidade?


O medo declarado é que “a geração distribuída dificulta o planejamento e operação do sistema elétrico”. Mas a tradução livre seria: “não conseguimos mais brincar sozinhos com os botões gigantes que regulam o país”.


Enquanto o operador do sistema ainda digita relatórios em Word 2007, a geração distribuída já conversa em Python, criando algoritmos em tempo real para balancear carga com inteligência artificial.


A realidade ignorada é que esse modelo é um passo natural da evolução energética, traz mais resiliência, menor dependência de grandes usinas, e empodera o consumidor. Mas, claro, para quem cresceu no playground das hidrelétricas e termelétricas, isso soa como revolta organizada.


O paradoxo curioso é ver o setor temer a evolução como se fosse um apagão iminente — quando, na verdade, o apagão está em resistir à mudança.


Com mais de 74 mil GWh de geração prevista para 2029, a energia que brota dos telhados parece estar conspirando contra os guardiões do sistema. Afinal, como manter o monopólio do fluxo elétrico quando cada cidadão vira miniusina com Wi-Fi?



Daniel Lima 

Empresário | Diretor Executivo da AGROSOLAR Investimentos Sustentáveis

Presidente | ANESOLAR (Associação Nordestina de Energia Solar)

Vice-Presidente | ARMAZENE (Associação Brasileira de Armazenamento de Energia)



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