A Raposa, o Galinheiro e o Sol Rebelde
- Daniel Lima

- 18 de mar.
- 2 min de leitura

Certa vez, havia uma granja próspera e cheia de vida. Ali, as galinhas trabalhavam arduamente, produzindo ovos e contribuindo para o sustento de todo o galinheiro. No entanto, o galinheiro era vigiado de perto por uma raposa astuta, que dizia ser responsável pela segurança e bem-estar das galinhas. "Confiem em mim", dizia ela, com um sorriso que revelava seus dentes afiados. "Eu cuido de vocês."
Durante anos, as galinhas dependeram da raposa para tudo, sem perceber o custo que essa dependência trazia. A raposa controlava os grãos, os horários de alimentação e até mesmo quem poderia cantar ao nascer do sol. Em troca, ela cobrava cada vez mais pelos seus serviços.
Um dia, algo mágico aconteceu, o dono da granja resolveu conceder mais liberdade para o galinheiro. Permitiu que as galinhas, cansadas da submissão, pudessem utilizar o sol como fonte inesgotável de energia. Inspiradas, decidiram criar pequenos sistemas para aproveitar essa energia. Assim, elas poderiam manter o galinheiro e alimentar os pintinhos sem depender tanto dos serviços da raposa.

Logo, outras galinhas seguiram o exemplo. Pequenos sistemas de captação de energia solar começaram a surgir. O espírito de independência começou a florescer, e o controle da raposa enfraqueceu. Porém, ao perceber a ameaça, a raposa agiu. Ela criou todo tipo de dificuldade para a vida das galinhas inovadoras, afirmando que o galinheiro não poderia funcionar sem o fornecimento de seus serviços.
As galinhas, indignadas, se uniram. Elas começaram a compartilhar conhecimentos, trocar experiências e lutar por um futuro onde pudessem gerar sua própria energia. Afinal, o sol brilhava para todos, e sua luz não deveria ser ofuscada pelos interesses da raposa ou mesmo do dono da granja.
As concessionárias de energia desempenham um papel crucial em relação à micro e minigeração, especialmente porque são responsáveis por integrar essas fontes descentralizadas ao sistema elétrico tradicional.
No entanto, algumas concessionárias têm adotado posturas que não apenas dificultam, mas também desestimulam o avanço da micro e minigeração de energia. Essas atitudes muitas vezes derivam de conflitos de interesse, já que a ampliação desses sistemas descentralizados reduz a dependência dos consumidores do fornecimento centralizado. Além disso, as concessionárias, por meio de empresas associadas, acabam competindo diretamente no mercado de geração distribuída, o que pode levar à adoção de práticas que favorecem seus próprios interesses em detrimento dos consumidores.
Esse conto ilustra o cenário atual em que consumidores de energia com micro e minigeração enfrentam desafios significativos, decorrentes de barreiras impostas por concessionárias que procuram preservar seu domínio no mercado cativo. Essas práticas, dificultam o avanço de um modelo mais justo e sustentável, prejudicando a transição energética e a autonomia dos consumidores.
Daniel Lima
Empresário | Diretor Executivo da AGROSOLAR Investimentos Sustentáveis Presidente | ANESOLAR (Associação Nordestina de Energia Solar) Vice-Presidente | ARMAZENE (Associação Brasileira de Armazenamento de Energia)






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