O Sistema Elétrico do Brasil Infartou? Um Olhar Crítico para o Futuro
- Daniel Lima

- 30 de ago. de 2024
- 2 min de leitura

Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), o Brasil contava ao final de 2023 com uma rede básica de transmissão de pouco mais de 171 mil km, com planos de expansão para 200 mil km até 2028, o que representa um crescimento de 17%. Em agosto de 2024, a capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional (SIN), incluindo a geração distribuída (sobre os telhados), atingiu 222,6 GW, com previsão de crescimento para 246,35 GW até 2028, o que equivale a um aumento de 10%.
É preciso considerar se essa expansão será suficiente para evitar um colapso do sistema elétrico. O crescimento acelerado da capacidade instalada de geração e da rede de transmissão pode enfrentar sérios desafios se não houver uma sincronização adequada entre oferta e demanda, bem como uma integração eficaz entre as diversas partes do sistema.
Fatores Críticos para o Futuro do Sistema Elétrico

1. Crescimento das fontes de geração
O crescimento das fontes de geração é essencial para atender à demanda crescente de eletricidade. No entanto, a localização e a capacidade de despacho dessas fontes são cruciais. A geração solar fotovoltaica e a eólica estão se expandindo rapidamente, mas sua capacidade de despacho precisa ser otimizada. Sem uma infraestrutura de transmissão robusta e moderna, a capacidade de escoamento da energia para os centros de consumo pode ser comprometida.
2. Previsão de carga
A previsão de carga é um desafio contínuo e crucial para a operação eficiente do sistema elétrico. Durante os períodos de pico de demanda, a capacidade disponível deve ser suficiente para evitar sobrecargas e garantir a estabilidade da rede. O crescimento da capacidade instalada é apenas um aspecto da equação; a capacidade de gerenciar e redistribuir a energia durante os picos de carga é igualmente importante. A implementação de tecnologias avançadas de monitoramento e controle, bem como a integração de sistemas de resposta à demanda e armazenamento de energia, pode ajudar a equilibrar a oferta e a demanda, evitando o risco de sobrecarga e falhas no sistema.
3. Clima
O clima extremo, como secas severas e enchentes, pode impactar a geração e a transmissão de energia. No Brasil, a variabilidade climática afeta especialmente a geração hidrelétrica, que representa uma parte significativa da matriz energética. Portanto, é fundamental desenvolver e investir em infraestrutura que possa resistir e se adaptar às condições climáticas extremas. Além disso, a diversificação da matriz energética e a implementação de soluções de armazenamento, como baterias, podem mitigar os impactos adversos dos eventos climáticos.
Sem essas medidas, o risco de um "infarto" do sistema elétrico brasileiro pode se tornar uma realidade, com impactos significativos para a economia e a qualidade de vida da população.
Daniel Lima
Presidente | Associação Nordestina de Energia Solar - ANESOLAR






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